segunda-feira, 31 de maio de 2010

Branca de Neve e Neil Gaiman


Que fascínio oculto reside por trás dos contos de fadas? Para as crianças, entrar em contato com criaturas fantásticas, fantasia, universos imponderáveis que poderiam ser o nosso, pois os petizes ainda não estão limitados pelas leis da física. Aos adultos, estudar questões psicológicas; antropológicas; históricas; e, creio eu, o processo criativo dos textos, suas muitas versões e a passagem de contos aterrorizantes a produtos embalados da Disney.

Atento a isso, Neil Gaiman confessou que leu inúmeras versões de Branca de Neve, mas ele não se deu por satisfeito. Gaiman é conhecido por ser um excelente recontador de histórias. Creio que tenha sido isso que o impulsionou a escrever sua versão desse conto.

Entitulado Neve, Vidro e Maçãs, o texto nos é narrado pela conhecida Rainha Má e, pasmem, esse título não lhe pertence. Sob seu ponto de vista, Branca de Neve é uma criatura dissimulada, incestuosa, sobrenatural. A Rainha se apresenta como uma estadista, preocupada com seu reino e com as nuvens negras que pairam sobre a cabeça de sua enteada. Os duendes estão no texto e, longe dos gnomos simpáticos que "vão para casa", são as criaturas das profundezas, saídas dos mitos escandinavos. Gaiman força um pouco a barra ao utilizar doses psicanalíticas para tentar explicar a reação do Príncipe no fim do texto, mas, confesso, esse é a melhor versão que já li desse conto.

O texto está disponibilizado gratuitamente, em inglês, e com autorização do autor, aqui.
Em sua versão impressa, pode ser encontrado no livro Fumaça e Espelhos, já nas livrarias.