quarta-feira, 31 de maio de 2017

Colcha de retalhos



Escrever... consumir-se.
Consumir-se em uma autoanálise da psique.
Estou eu a escrever o TCC da pós, uma monografia, fazendo e refazendo parágrafos, adicionando frases, reescrevendo outras, embaralhando(-me) conceitos, criando partes e remendando outras, expurgando... 
Noto que minha insatisfação reside no meu "processo criativo".
E sei que, por leituras várias, inúmerxs autorxs não se fazem de rogadxs quando necessitam escrever o fim antes do começo, o meio no final, o parágrafo de abertura do texto como a cereja do bolo.
O que eu tenho de errado? 
Um perfeccionismo paralisante. 
Queria escrever tudo de uma tacada só, sem cortes e recortes, sem refraseados, com as ideias justas e dominando o assunto. Isso é possível? Sim, mas não agora, não para mim, não nesse momento.
Conhecer-se é entender seus limites e saber que, para desafiá-los, é necessário um investimento em algo ainda não feito - tempo, dedicação, paciência...
Sigamos.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Sociedade Confessional

Vi um misto de desespero e carência naquela súplica.

- Vocês não disseram que estão aqui não?

Ela estava com um smartphone na mão; vi uma tela com reflexos azuis e um fundo branco.

A brincadeira de professora e aluno com minha filha perdeu um pouco do encanto, tendo parte de mim sido sugada pela realidade de cuja prisão escapara por poucos minutos.

- Você quer dizer aqui? – Eu balancei o meu telefone, que estava emborcado sobre a mesa. – Não costumo fazer check-ins.

Eu dei de ombros. Os braços de minha filha estavam paralisados a meia altura, tudo nela queria me ensinar algo que eu não sabia, mas seu olhar – agora sério – estava sobre a dona do restaurante e seu celular.

Se eu fui ríspido, não me desculpei. Quis continuar a brincadeira com minha filha – Peraê, filha, deixa eu fazer algo aqui.

Fiz o check-in. Com fotos, algumas selfies. Eu e minha pequena. Se não tem selfie, não aconteceu.

* Inspirado por texto de Z. Bauman e por postagens lidas nesta semana no Facebook. Esse mini conto é inspirado em história real, e não é reflexo, e sim luz para nos apontar caminhos diversos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Analyse This I

"(...) dar continuidade ao que você deseja".

É apenas um refrigério aos múltiplos desejos, e minha mente se espalha sobre eles e percebe que, na verdade, a multiplicidade diz respeito às formas como esse desejo (no singular) pode ser manifesto.