domingo, 3 de novembro de 2019

Ao Amor e à Dor (QUIMERA)

Ao Amor e à Dor

Abraçar o mundo é reconhecer limitação intelectual (e ao mesmo tempo não deixar de ser presunçoso).
Isso reconheço em mim, agora.
Não o abraçar o mundo, sim a limitação intelectual. É um sentir.

Luto contra a ignorância e em prol de um amplo e vasto conhecimento, só para saber que esse mergulho é no raso.
"Eu tenho que saber as coisas". Eu me agarrei inconscientemente a isso?

Releguei ao vácuo as emoções e sentimentos, daí veio um desajuste na vontade, meu desejo era o dos outros, desde que eu pudesse auferir... o quê? Um gozo momentâneo? Era o fim da busca e... o vazio. Um mergulho no raso, sim, do vazio. 


QUIMERA

Na infância, a moral. Lúcia Helena Galvão, citando Platão, disse: "Primeiro formar [a criança] para depois informar". Para mim e minha irmã, foi a moral dos meus pais, o que eles achavam ser o correto dentre lições recebidas dos seus respectivos parentes e por conta de convivência (e por que não conveniência?) social - meu pai, o rebelde, era "faça o que eu digo, mas não o que eu faço"; minha mãe, influenciada pelos irmãos (assim penso e digo durante anos de observação), agia como se desejasse secretamente que fôssemos os melhores (ela não agia na matéria, como alguns tios, que tanto falavam como incentivavam e impunham suas vontades aos filhos nesse sentido) - era uma competição silenciosa, coitada, marcada até hoje por um complexo de inferioridade.
Como? Em ações, frustrações, depressões. Potência e ato. Assim como eu. Segui essa trilha de maneira pior: com uma extrema intolerância a frustrações, aos percalços, à saída da zona de conforto.

O entretenimento era meu refúgio: jogos, quadrinhos, História, livros... e quando eu tinha de enfrentar algo que me estressasse, eu dava para trás: medo do fracasso, um verdadeiro terror; de não corresponder aos outros, a Narciso; medo de temperar minha vaidade com os ingredientes errados. E de onde surgiu essa necessidade, essa curiosidade/indolência mórbida? Desde pequeno, pelo menos. E então foi bom saber coisas que os outros não sabiam, porque eu adivinhava e reconhecia no outro a satisfação em mim do conhecimento. Sim, reconheço: quero saber mais do que o outro, quero que eu saiba mais do que o outro. E sou sincero quando digo que não quero impor isso, não quero impor minha vontade, não. Talvez em outra vida, em outro contexto, não nesse. É uma luta do Ego contra o Espírito/Alma - Animus e Anima.
E a Sabedoria? Enciclopédia, Oráculo... não, QUIMERA!

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