quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tempero vivo

Fui ao Ostreiro, em Boa Viagem, com uma amiga. Queríamos tomar um bom chopp e discutir relações que não a nossa.

Passamos por um aquário - destaco a limpeza e a renovação constante do oxigênio - repleto de ostras. "Hmmm, bom, faz tempo que não como ostras, hein?", pensei. Ora, estava no O-s-t-r-e-i-r-o, era dia de aproveitar.

Começamos pelo chopp, que não nos decepcionou.

O cardápio, com visualização rápida, nos efereceu inúmeros quitutes oceânicos. O primeiro, uma casquinha de caranguejo. Casquinha não. Justiça seja feita, a porção é servida dentro de uma conha de vieira (pensou no símbolo da Shell, acertou). Delícia. Não sei como se prepara, mas os temperos estavam excelentes. Picante na medida certa.

Enquanto eu estava ao telefone com Adriana (um dos seis seguidores deste blog), chegaram as ostras. Atendimento personalizado, um rapaz com luva de aço inoxidável, faca com lâmina apropriada para abrir as conchas, limão em punho. Perfeito. As ostras estavam frescas, retorciam-se com a aplicação do limão, mas o ostreiro - o dito cujo do rapaz com mão de aço - insistia em aplicar sal na minha ostra. Não, caro colega, para mim é sem sal.

De imediato senti a diferença. O sal, em uma ostra que já vem de um tanque de água salgada, reforça na ostra um gosto de maresia que, creio, você não vai querer sentir.

Tudo bem, pus umas gotinhas de pimenta para aplacar a dor.

Chegou o arremate: um púcaro repleto de Sururu ao Coco. Delicioso. O dendê estava no ponto, o cominho era uma levíssima lembrança, e o sururu foi muito bem tratado. A nota dissonante foi o coentro. Muito coentro é como uma pessoa interessante e atraente que começa a grudar em você...

Fomos muito bem atendidos no Ostreiro. Os garçons são muito atenciosos, sempre a postos e com boas sugestões. A decoração é bonita, mas segue o padrão "Boteco way of bar" (bom, não sei se os donos são os mesmos); a música e os comensais são, definitivamente, do padrão "Pagode Universitário". 

Preparar uma boa comida com temperos simples é um desafio, uma arte a ser dominada. Sal e pimenta-do-reino (quer coisa mais básica) "a gosto" é uma particularidade de quem cozinha. A medida está na mão do cozinheiro, a sensibilidade em seu paladar e olfato. Gosto todos temos. Sei que há pessoas que adoram um prato abarrotado de coentro, cominho, alho etc. A diferença está, como dito há pouco, na sensibilidade, no desenvolvimento desses sentidos tão ligados à boa mesa. Há sempre um momento de dizer "chega".

(outra nota dissonante, que arrematou com bom humor aquela noite: minha amiga tomou um susto quando viu uma ostra se mexer dentro do aquário. "Elas estão vivas?")

3 comentários:

  1. hahahahahahahahahahah e eu que pensei que você estava prestando atenção ás minhas angústias femininas!!!! Deu água na boca, vamos voltar lá?

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  2. O único problema: eu estar do outro lado da linha. Fiquei com água na boca!

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